Nunca é tarde demais para começar, será?!
Olha não sei, mas faz anos, e bota anos nisso, que me sinto velha demais para isso e tantas outras coisas. Achei uma agenda minha de 2009 enquanto me livrava de muitas tralhas que guardo, e nessa agenda tinha uma lista de 100 coisas para fazer antes de morrer e das 100 coisas na lista eu só fiz apenas 11. Terrível isso.
A maior parte das coisas daquela lista eu ainda desejo muito fazer, pensando em por que causa, motivo, razão e circunstâncias eu não fiz, percebi que não fiz para não cair na tentação de desagradar o próximo, com isso acabei desagradando a mim mesma. Hoje com meus 30 e poucos anos sinto mais ainda vontade de fazer muitas coisas nessa vida, parece que quando mais velho ficamos, pelo menos para mim, a gente se importa menos com a opinião alheia.
Mas serei sincera, como eu queria em jovem adulta não ter me importado com isso e ter sido eu mesma, na adolescência eu cagava para os outros, só foi começar a faculdade e me preparar para o mercado de trabalho para perceber que para sobreviver eu teria que dar o braço a torcer e ser mais uma pessoa desconfortável consigo mesma no meio de um montão de outros também desconfortáveis consigo mesmo.
O que havia naquela lista eram coisas simples como: pintar meu cabelo de roxo ou azul, colocar um piercing no nariz, fazer uma tatuagem, raspar o lado do cabelo e tantas outras coisas. Coisas simples que eu mesma me impedi de fazer com medo de não arranjar um emprego. Coisas que, no fundo do meu ser, eu achava que no futuro que iria deixar de querer. "Esquece isso é apenas uma fase, logo a vontade acaba", eu repetia a mim mesma. Se minha versão adolescente pudesse me ver agora, ela provavelmente me xingaria, e talvez me daria um murro bem dado e com razão, pois não me tornei nem metade do que ela (minha eu adolescente) queria ter sido.
Das 11 coisas que eu realizei da lista algumas delas foi, terminar a faculdade, visitar a Fiocruz, visitar o jardim botânico, ir ao show de uma banda que eu goste, ter um blog, enviar uma carta escrita á mão e entre outras coisas como terminar varias sagas de livro ou ir no cinema em uma estreia.
Me dá uma tristeza e, ao mesmo tempo, alegria, meio conflitantes esses sentimentos, quando vejo uma alternativa da minha idade, ou até mesmo mais velha, chego a me perguntar o motivo de eu ter saido do caminho das trevas. Me lembro da Gio do blog This Is My World e o quanto eu a admirava e queria ser como ela e continuar alternativa mesmo após a adolescência, pois eu sentia que para mim não seria apenas uma fase.
Tenho refletido muito sobre ser quem eu sempre quis ser. Eu como tantos outros vou morrer e, qual o motivo de não fazer? Um dos assuntos que costumo muito conversar em família é a morte, a finitude, a brevidade da vida e tudo o mais. E meu maior medo sempre foi chegar na velhice e me arrepender de muita coisa que não fiz. Sabe aquele sentimento de que não há mais tempo para realizar uma tarefa ou comprar um objeto limitado, ou coisa parecida? Aquela ansiedade que dá, quase paralisadora que te deixa até sem dormir? Então, é ela que eu tenho sentindo já a uns 4 anos.
Na pandemia esse pensamento começou a me atormentar diariamente, a ideia de que eu iria morrer e nunca visitaria um local que sempre quis, ou ir ao show da banda preferida, não visitar aquela amiga que foi morar longe, tudo isso, pois estava ocupada demais sendo uma adulta séria e controlada. Essa situação me lembra uma cena de "O Clube da Luta", onde Tyler aponta uma arma para cabeça de um cara e pergunta qual é o grande sonho de vida dele, o cara diz que queria ser veterinário, só que deixou a escola porque era muito difícil. E Tyler diz para ele voltar para escola e perseguir os sonhos dele, senão vai matá-lo.
A ideia que você vai morrer sempre, pelo menos para mim, dá aquele ânimo de viver a vida adoidado da forma que a gente deseja, sem se preocupar com a opinião alheia. Ainda bem que não precisei que ninguém apontasse uma arma na minha cabeça para querer seguir meus sonhos e minhas vontades. Claro que toda mudança é gradual, e devagar vou mudando, ou melhor, me tornando o que eu sempre quis ser. Estou velha demais para algumas coisas? Sim, estou, e daí, sempre achei um charme ser a velha louca dos gatos e tantos outros bichos da casa cheia de plantas que acorda cedo e xinga as crianças da vizinhança.
Talvez tenha coisas que seja tarde demais para ser feitas, mas outras, enquanto eu tiver viva, posso fazer, por que não, oras? Apenas tenho que me lembrar de ser menos dura comigo mesma.
Eu pessoalmente sempre acho que dá tempo de tudo. Entendo bem essa pressão de se tornar um adulto funcional e "normal", mas sei bem que eu jamais suportaria viver assim. E talvez seja esse processo mesmo que você tá passando: não dá pra fugir de nós mesmas sem cair numa baita depressão, no fim das contas. Espero que você consiga realizar tudo que deseja!
ResponderExcluirUma coisa incrível é que eu conheci a Gio pessoalmente em 2014, ou 2015, não lembro. Nunca tive muito contato com ela, mas acho legal que isso simplesmente aconteceu, hahahah!
Beijinhos.
Oi Maria,
ExcluirTenho trabalhado muito isso na terapia e espero conseguir viver sem esperar muito de mim mesma, as vezes acabo sendo muito carrasca comigo mesma.
Que legal saber que você conheceu a Gio, ela parece ser uma pessoa tão agradável, além de estilosa.
Abraços
Oi Z! Olha, a primeira vez que fiz uma tatuagem, eu já estava com quase 30 anos, enquanto a minha irmã quatro anos mais nova, já tinha piercing aos 11 anos. Muitas coisas são questões sociais e onde a sociedade coloca a gente. Quando falo que o meio alternativo é tão excludente como o " tradicional" , as pessoas me acham doida. No interior chega a ser conservador. Até dentro deste meio, a gente acaba se privando e se achando velha pra muitas coisas.
ResponderExcluirAcredito eu, que quando a gente desapega de certas comparações e convívio, a gente se desprende de muitas coisas! É que com o amadurecimento ( que nem sempre a velhice nos proporciona), percebemos que muitas coisas permanecem por apego. A gente adquirir segurança e de uma pessoa com TAG pra outras , a gente sabe como nossa mente é traiçoeira e nos aprisiona! Tu falou da Gio eu TB acompanho as " Avós da razão", não sei se tu conhece, mas eu recomendo.
Oi Marcela
ExcluirEm relação a meio alternativo também ser excludente eu tenho que concorda com você, pois só quem foi do meio sabe o quando eles acabam seguindo um padrão tão fixo de ser "diferente" quanto o tradicional. Tenho aos poucos me desapegado, até pq minha saúde mental preciso que eu despegue, senão o surto vem de novo. Pesquisei "Avós da razão" e tô adorando.
Abraços
Oooi Z <3
ResponderExcluirNo final do seu post pensei na minha mãe, que é uma senhorinha de 60 anos com cabelo rosa pink neon, hahaha! Ela absolutamente adora quando as pessoas comentam sobre o cabelo dela, e fico pensando: será que ficamos mesmo velhas para as coisas? Acho que nossa cultura coloca isso na nossa cabeça com frequência e sim, temos algumas 'finitudes' (talvez nosso corpo físico não aguente mais certas coisas que a gente podia ter feito aos 20, né), mas acho que é sempre tempo. Minha mãe é uma patricinha incorrigível que adora cor-de-rosa e não botou fé quando comprei a tinta rosa pra ela a primeira vez - agora preciso fazer a manutenção do cabelo da bonita a cada 15 dias, hahaha!
Espero que dessa lista, se houverem coisas que você ainda quer fazer, que você possa. Não julgo nada você ter priorizado o mercado de trabalho - eu sempre me pergunto se quando fiz ou deixei de fazer algo no passado se eu teria a maturidade e a segurança que tenho hoje aos 30+ pra tomar uma decisão diferente, e na maioria das vezes eu não tinha. Então sei lá, eu diria pra você acolher mais as suas inseguranças da juventude, porque foram elas que te trouxeram até esse lugar de poder decidir por você e não se importar com a opinião alheia também.
E bom, vivemos uma pandemia né? O sentido da vida foi transformado total, quase como uma arma na cabeça, hahaha!
Espero que você se sinta bem pra fazer o que quiser <3
Beijinhos! :*
Oi Shana,
ResponderExcluirNem conheço sua mãe e já achei ela demais, e realmente a cultura acaba querendo ou não nos influenciando a querer parecer um adulto funcional, o que é péssimo, a meu ver.
Tenho que concordar com você que talvez algumas coisas que eu queria na adolescência, eu talvez não teria maturidade para aquela decisão, então envelhecer e ter maturidade nos traz de certa forma, então hoje talvez eu tenha mais segurança e me sentiria bem em fazer o que quero. E a pandemia foi realmente uma arma na cabeça de muita gente.
Abraços