terça-feira, 2 de julho de 2024

Será que estou velha demais para isso!?

 
 
Nunca é tarde demais para começar, será?!
 

Olha não sei, mas faz anos, e bota anos nisso, que me sinto velha demais para isso e tantas outras coisas. Achei uma agenda minha de 2009 enquanto me livrava de muitas tralhas que guardo, e nessa agenda tinha uma lista de 100 coisas para fazer antes de morrer e das 100 coisas na lista eu só fiz apenas 11. Terrível isso. 
 
A maior parte das coisas daquela lista eu ainda desejo muito fazer, pensando em por que causa, motivo, razão e circunstâncias eu não fiz, percebi que não fiz para não cair na tentação de desagradar o próximo, com isso acabei desagradando a mim mesma. Hoje com meus 30 e poucos anos sinto mais ainda vontade de fazer muitas coisas nessa vida, parece que quando mais velho ficamos, pelo menos para mim, a gente se importa menos com a opinião alheia. 
 
Mas serei sincera, como eu queria em jovem adulta não ter me importado com isso e ter sido eu mesma, na adolescência eu cagava para os outros, só foi começar a faculdade e me preparar para o mercado de trabalho para perceber que para sobreviver eu teria que dar o braço a torcer e ser mais uma pessoa desconfortável consigo mesma no meio de um montão de outros também desconfortáveis consigo mesmo. 
 
O que havia naquela lista eram coisas simples como: pintar meu cabelo de roxo ou azul, colocar um piercing no nariz, fazer uma tatuagem, raspar o lado do cabelo e tantas outras coisas. Coisas simples que eu mesma me impedi de fazer com medo de não arranjar um emprego. Coisas que, no fundo do meu ser, eu achava que no futuro que iria deixar de querer. "Esquece isso é apenas uma fase, logo a vontade acaba", eu repetia a mim mesma. Se minha versão adolescente pudesse me ver agora, ela provavelmente me xingaria, e talvez me daria um murro bem dado e com razão, pois não me tornei nem metade do que ela (minha eu adolescente) queria ter sido.
 
Das 11 coisas que eu realizei da lista algumas delas foi, terminar a faculdade, visitar a Fiocruz, visitar o jardim botânico, ir ao show de uma banda que eu goste, ter um blog, enviar uma carta escrita á mão e entre outras coisas como terminar varias sagas de livro ou ir no cinema em uma estreia. 
 
Me dá uma tristeza e, ao mesmo tempo, alegria, meio conflitantes esses sentimentos, quando vejo uma alternativa da minha idade, ou até mesmo mais velha, chego a me perguntar o motivo de eu ter saido do caminho das trevas. Me lembro da Gio do blog This Is My World e o quanto eu a admirava e queria ser como ela e continuar alternativa mesmo após a adolescência, pois eu sentia que para mim não seria apenas uma fase.
 
Tenho refletido muito sobre ser quem eu sempre quis ser. Eu como tantos outros vou morrer e, qual o motivo de não fazer? Um dos assuntos que costumo muito conversar em família é a morte, a finitude, a brevidade da vida e tudo o mais. E meu maior medo sempre foi chegar na velhice e me arrepender de muita coisa que não fiz. Sabe aquele sentimento de que não há mais tempo para realizar uma tarefa ou comprar um objeto limitado, ou coisa parecida? Aquela ansiedade que dá, quase paralisadora que te deixa até sem dormir? Então, é ela que eu tenho sentindo já a uns 4 anos. 
 
Na pandemia esse pensamento começou a me atormentar diariamente, a ideia de que eu iria morrer e nunca visitaria um local que sempre quis, ou ir ao show da banda preferida, não visitar aquela amiga que foi morar longe, tudo isso, pois estava ocupada demais sendo uma adulta séria e controlada. Essa situação me lembra uma cena de "O Clube da Luta", onde Tyler aponta uma arma para cabeça de um cara e pergunta qual é o grande sonho de vida dele, o cara diz que queria ser veterinário, só que deixou a escola porque era muito difícil. E Tyler diz para ele voltar para escola e perseguir os sonhos dele, senão vai matá-lo.

A ideia que você vai morrer sempre, pelo menos para mim, dá aquele ânimo de viver a vida adoidado da forma que a gente deseja, sem se preocupar com a opinião alheia. Ainda bem que não precisei que ninguém apontasse uma arma na minha cabeça para querer seguir meus sonhos e minhas vontades. Claro que toda mudança é gradual, e devagar vou mudando, ou melhor, me tornando o que eu sempre quis ser. Estou velha demais para algumas coisas? Sim, estou, e daí, sempre achei um charme ser a velha louca dos gatos e tantos outros bichos da casa cheia de plantas que acorda cedo e xinga as crianças da vizinhança. 
 
Talvez tenha coisas que seja tarde demais para ser feitas, mas outras, enquanto eu tiver viva, posso fazer, por que não, oras? Apenas tenho que me lembrar de ser menos dura comigo mesma.

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